segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Superman: o heroi americano para os momentos grandiosos da América

A julgar pela redação do Daily Planet, a cidade de Metropolis tem um cotidiano bastante agitado. Os repórteres estão a todo momento batendo um texto, e sob o comando firme do editor-chefe, Perry White, o jornal é um sucesso nas bancas da cidade. Foi com esse ambiente que o jovem repórter Clark Kent entrou para a redação, fazendo companhia à experiente repórter investigativa, Lois Lane.
Foto: Arquivo




Clark Kent na verdade é Kal-El, filho de Jor-El, enviado do logo depois destruído planeta Krypton, absorvendo poderes das galáxias até chegar ao planeta Terra. Criado por Jonathan e Martha Kent, ele sofre por não conhecer sua verdadeira origem e o medo de não ser aceito revelando seus superpoderes. Jonathan morre, e Clark vai buscar conhecer sua origem, o que acontece após lançar um cristal e se formar a Fortaleza da Solidão. Por meio de holograma, Jor-El explica a sua origem, seus poderes e uma regra: não pode interferir na história humana.

A partir daí, Clark Kent assume a dupla personalidade; um repórter atencioso e um super-heroi justo e que nunca mente. Diante do plano maléfico de Lex Luthor, um rei das galerias de esgoto de Metropolis, de separar quimicamente a California do restante dos Estados Unidos, o Superman age para impedir, mesmo sendo atingido pela kriptonita, pedra que o enfraquece. Ele salva Metropolis do vilão, mas não evita a morte da sua paixão, tanto como Clark quanto Superman. Nesse momento ele viola a regra inviolável: interfere na história humana, dando voltar ao redor da Terra em alta velocidade, fazendo o tempo retroceder para o heroi salvar Lois. Lex Luthor é preso, e o Superman vence, pronto para salvar a cidade das forças do mal.

(Para ver um spoiler completo e constantemente editado pelo fãs do heroi, clique aqui.)

Um heroi antigo, o momento ideal

O spoiler acima se refere ao filme Superman, de 1978 e dirigido por Richard Donner. Antes desse longa, o Superman já havia saído dos quadrinho outras vezes, como no seriado de TV estrelado por George Reeves na década de 1950. Na verdade, o primeiro registro em quadrinhos da personagem é datado de 1938. Nos dois momentos, o Superman era um estereótipo forte, associado a uma imagem de força e bravura norte-americana.  Justamente por vir de um planeta distante, do qual "Kal-El" não tem nenhum ancestral e mesmo assim defender os cidadãos de Metropolis (outro estereótipo, da metrópole americana), tem um simbolismo patriótico forte. Em 1938, começava a Segunda Guerra Mundial; na década de 50, o presidente Dwight Eisenhower promoveu medidas contra o comunismo, tomou posições duras no Irã e na Guerra da Coreia.

Em 1978, os Estados Unidos não viviam um momento orgulho pelo seu país. Após a Guerra do Vietnã, em que os americanos saíram derrotados em 73, o escândalo do Watergate fez com que, pela primeira vez na história norte-americana, um presidente renunciasse ao cargo. Richard Nixon teve o perdão concedido pelo sucessor, Gerald Ford. Ficou a sensação de injustiça. Além disso, era uma época de Guerra Fria, com a divisão do mundo entre o capitalismo e o socialismo.

O lançamento de Superman se deu nesse contexto. O heroi se encaixava como o símbolo da força norte-americana, da persistência e coragem para enfrentar os vilões, sempre com justiça e verdade. É o mesmo princípio de filmes como Rocky e Rambo, porém usando de um nome forte, com apelo infantil (sempre fala a verdade, o que todos os pais querem dos filhos pequenos). Além dos outros elementos, como os efeitos especiais (a temática espacial estava em moda com Star Trek e Star Wars), a humanização de Clark Kent, a forte presença de Lois e a complexidade de um vilão inteligente como Lex Luthor.

Elenco de peso e uma aposta ousada

O investimento do filme passava também pela escalação de nomes fortes do cinema da época. Para interpretar Jor-El, que embora tenha um papel central no roteiro só aparece no começo, veio simplesmente Marlon Brando, reconhecidíssimo nos anos 50, 60 e naquela época com O Poderoso Chefão  e O Último Tango em Paris. O outro nome forte é Gene Hackman, famoso pela sequência de faroeste Bonnie and Clyde e O Jovem Frankenstein. Lois Lane foi interpretada por Margot Kidder, desconhecida para o cinema, mas presente em alguns telefilmes desde o fim dos anos 60.
Foto: Arquivo


Para interpretar Clark Kent/Superman, os testes foram muitos, levando os produtores a um certo desespero. Alguns atores como Christophen Walken e Nick Nolte foram sondados, e até Arnold Schwarzenegger se interessou, mas foi o desconhecidíssimo Christopher Reeve quem ficou com o papel. Ele teve que se fortalecer muscularmente para convencer como o Homem de Aço.

Foto: Arquivo

Sucesso e início de uma tendência

Não só para representar os valores da bandeira americana serviu o Superman. O filme de Richard Donner abriu um caminho para os "filmes de super-heroi", pois conseguiu aliar um bom roteiro, um protagonista convincente e efeitos especiais de qualidade para a época. Fizeram a mesma transição HQ-seriado-filme Batman, Homem Aranha, Hulk, e chegando até personagens de menos tradição, como o Homem de Ferro e o Lanterna Verde. Tanto a DC Comics, editora que detém os direitos de Superman e Batman, quanto a Marvel (detentora de Homem Aranha, X-Men, entre outros), se mostraram verdadeiros fenômenos de bilheteria e sucesso no cinema. De certa forma, o Homem de Aço ajudou a construir essa história.

Texto e edição: Paulo Semicek


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