Ah, o amor. Sentimento nobre, tema de milhares de
filmes e que sempre é (e será) retratado nas telonas. Normalmente é abordado de
um viés “clássico”, romântico – especialmente nas produções hollywoodianas. Não
é o caso do drama “Contra a Parede” (ou “Gegen Die Wand”, título original em
alemão). No elogiado e premiado longa de Fatih Akin, diretor alemão com
ascendência turca, a normalidade estereotipada do amor é superada pelo conflito
emocional, regado a drogas, de Sibel e Cahit.
“Contra a Parede” segue uma linha que Fatih Akin
costuma seguir em seus filmes, tratando da imigração e da relação de etnias,
principalmente entre alemães e turcos, até por ser uma realidade sua e do país
germânico. No longa, isso fica evidente pelos protagonistas, Sibel (Sibel
Kekilli) e Cahit (Birol Ünel), ambos de origem turca, que vivem em Hamburgo. Os
dois se conhecem em uma clínica de reabilitação após Cahit, um homem de cerca
de 40 anos que costuma abusar de bebida e drogas, bater de frente com o carro
(de propósito) contra uma parede – daí o nome “Contra a Parede”. Sibel, uma
jovem de 20 anos, está na clínica por uma tentativa de suicídio.
O relacionamento “amoroso” dos dois se inicia de uma forma
peculiar. Com o objetivo de sair de casa e se libertar de uma família muçulmana
conservadora, Sibel convence Cahit a se casar com ela. Com algumas mentiras e
invenções dos protagonistas, os dois se casam e passam a viver juntos apenas
por fachada. Livre e sem sentimento ou compromisso, Sibel começa a “viver a
noite”, consumindo drogas e bebidas, além de ter vários parceiros
amorosos/sexuais. Cahit da mesma forma.
Até que os dois, de fato, se apaixonam. Mas o que poderia ser
uma solução, torna-se um problema na história. Vivendo como um casal, no
sentido literal da palavra, tudo ia bem até que um crime acontece. Enciumado,
Cahit assassina um ex-amante da esposa e é preso. O amor germano-turco, então,
fica contra a parede. O plano inicial é continuarem juntos após Cahit cumprir a
pena a que foi condenado. No entanto, o destino reservava caminhos diferentes.
O que é se destaca no filme é a profundidade das personagens
e seus conflitos emocionais. O amor, antes inexistente e fingido, começa a
aflorar, mas a relação é interrompida por um surto de ciúmes. Após isso, os
conflitos se intensificam – e o filme fica mais pesado, com cenas de consumo de
drogas, sexo e violência. No desfecho de “Contra a Parede”, Fatih Akin evita
seguir os padrões clichês do “cinema de massa” e o faz com maestria. O
resultado? Críticas positivas e prêmios por toda a Europa, inclusive o Urso de
Ouro no Festival de Berlim de 2004.
FICHA TÉCNICA
Título original: Gegen Die Wand
Ano: 2004
Ano: 2004
Gênero: Drama/Romance
Direção: Fatih Akin
Roteiro: Fatih Akin
Música: Alexander Hacke e Maceo
Parker
Fotografia: Rainer Klausmann
País: Alemanha/Turquia
Duração: 121 minutos
Principais prêmios: “Melhor Filme” no Festival de Berlin
(2004), “Melhor Filme” e “Escolha da Audiência” no Premio do Cinema Europeu
(2004), “Melhor Filme Europeu” no Goya Awards (2004), “Melhor Filme Alemão de
2004-2004” no Festival de Leipzig (2004).