sexta-feira, 22 de março de 2013

Amor contra a parede


 Ah, o amor. Sentimento nobre, tema de milhares de filmes e que sempre é (e será) retratado nas telonas. Normalmente é abordado de um viés “clássico”, romântico – especialmente nas produções hollywoodianas. Não é o caso do drama “Contra a Parede” (ou “Gegen Die Wand”, título original em alemão). No elogiado e premiado longa de Fatih Akin, diretor alemão com ascendência turca, a normalidade estereotipada do amor é superada pelo conflito emocional, regado a drogas, de Sibel e Cahit.
 
“Contra a Parede” segue uma linha que Fatih Akin costuma seguir em seus filmes, tratando da imigração e da relação de etnias, principalmente entre alemães e turcos, até por ser uma realidade sua e do país germânico. No longa, isso fica evidente pelos protagonistas, Sibel (Sibel Kekilli) e Cahit (Birol Ünel), ambos de origem turca, que vivem em Hamburgo. Os dois se conhecem em uma clínica de reabilitação após Cahit, um homem de cerca de 40 anos que costuma abusar de bebida e drogas, bater de frente com o carro (de propósito) contra uma parede – daí o nome “Contra a Parede”. Sibel, uma jovem de 20 anos, está na clínica por uma tentativa de suicídio.



O relacionamento “amoroso” dos dois se inicia de uma forma peculiar. Com o objetivo de sair de casa e se libertar de uma família muçulmana conservadora, Sibel convence Cahit a se casar com ela. Com algumas mentiras e invenções dos protagonistas, os dois se casam e passam a viver juntos apenas por fachada. Livre e sem sentimento ou compromisso, Sibel começa a “viver a noite”, consumindo drogas e bebidas, além de ter vários parceiros amorosos/sexuais. Cahit da mesma forma.

Até que os dois, de fato, se apaixonam. Mas o que poderia ser uma solução, torna-se um problema na história. Vivendo como um casal, no sentido literal da palavra, tudo ia bem até que um crime acontece. Enciumado, Cahit assassina um ex-amante da esposa e é preso. O amor germano-turco, então, fica contra a parede. O plano inicial é continuarem juntos após Cahit cumprir a pena a que foi condenado. No entanto, o destino reservava caminhos diferentes.

O que é se destaca no filme é a profundidade das personagens e seus conflitos emocionais. O amor, antes inexistente e fingido, começa a aflorar, mas a relação é interrompida por um surto de ciúmes. Após isso, os conflitos se intensificam – e o filme fica mais pesado, com cenas de consumo de drogas, sexo e violência. No desfecho de “Contra a Parede”, Fatih Akin evita seguir os padrões clichês do “cinema de massa” e o faz com maestria. O resultado? Críticas positivas e prêmios por toda a Europa, inclusive o Urso de Ouro no Festival de Berlim de 2004.

FICHA TÉCNICA
Título original: Gegen Die Wand
Ano: 2004
Gênero: Drama/Romance
Direção: Fatih Akin
Roteiro: Fatih Akin
Elenco:  Birol Ünel, Sibel Kekilli, Catrin Striebeck, Meltem Cumbul
Música: Alexander Hacke e Maceo Parker
Fotografia: Rainer Klausmann
País: Alemanha/Turquia
Duração: 121 minutos
Principais prêmios: “Melhor Filme” no Festival de Berlin (2004), “Melhor Filme” e “Escolha da Audiência” no Premio do Cinema Europeu (2004), “Melhor Filme Europeu” no Goya Awards (2004), “Melhor Filme Alemão de 2004-2004” no Festival de Leipzig (2004).


Um comentário:

  1. bacana!
    gosto bastante dele (menos soul kitchen) .
    em o som de istambul tem muit a questao da cidade, bem como em do outro lado (de outro modo). quem sabe possam estuda-lo mais a fundo e fazer o exercicio de recriação a partir de um de seus filmes.

    ResponderExcluir