terça-feira, 21 de maio de 2013

Walter Ruttmann e seus experimentalismos


O significado do trabalho de Walter Ruttmann para o cinema tem um tom de pioneirismo extremamente notável. Por causa dele, deu-se início na Alemanha a prática do cinema experimental.  Sua carreira começa na década de 1920, com a produção de pequenos curtas abstratos, como é possível observar em Lichtspiel: Opus I" (1921) e "Opus II" (1923).
Ruttmann na produção de um filme (Foto: Arquivo)

Ruttmann, juntamente com outros diretores alemães, como Oskar Fischinger e Hans Richter, utilizou novas formas de expressão e linguagem cinematográfica, e o caráter abstrato e experimental dos filmes ia contra a narrativa clássica que também se desenvolvia. Um fato curioso sobre Ruttman é que ele chegou a licenciar uma máquina de cortar cera de Fischinger, para desenvolver seus próprios efeitos especiais.

No entanto, o reconhecimento internacional do experimentalismo feito na Alemanha veio somente oito anos depois de Opus I. A variedade de formas e cores utilizadas impressionou críticos estrangeiros, porém Ruttmann não criou seus filmes ao acaso; formado em arquitetura, chegou a trabalhar com design gráfico, o que lhe deu a base para suas criações.

O grande filme que consagrou Ruttman foi uma evolução dos seus anteriores, mas com uma qualidade técnica até então sem precedentes.  Berlim: Sinfonia de uma Metrópole (1927), é um registro semi-documental do cotidiano de Berlim. Não há uma narrativa clássica, embora exista uma sequência de eventos claramente exposta. Dos filmes abstratos do início da carreira, fica apenas a ausência de narrativa.
Berlim” também mostra uma inclinação de Ruttmann com técnicas de montagem soviética.

A inclinação socialista do diretor se reflete nas edições, mas na década seguinte ele tomou um caminho diferente, embora semelhante do ponto de vista político: fez filmes para o regime nazista de Hitler, colaborando inclusive com Berlin Olyimpiad (1936), em uma tentativa de promover o nazismo por meio dos Jogos Olímpicos de Berlim, no mesmo ano.

Texto: Paulo Semicek


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